TRAVESSIA PARA CHEGAR EM UM LUGAR QUE AINDA NÃO TEM NOME

Na coreografia do soco, que mobiliza punho, braço, ombro, tórax, quadril e pernas, uma contorção de músculos e tendões, se realiza o movimento de romper essa parede branca que interrompe a fluidez do espaço. É a dança da fúria. A travessia que Camila nos propõe almeja chegar à terceira margem do rio. Suscita a refletirmos sobre esse deslocamento, sobre como nos desaproximar do humano e nos aproximar de todo o resto. Trair a escuta que nos ensinaram. Renunciar o humano como processo de cura coletiva, cura em travessia. Presença que fricciona a estrutura, que cria estratégias para existência, descanso, camuflagem.

Travessia para chegar em um lugar que ainda não tem nome é um gesto coletivo, úmido, vibrátil na tentativa de se imaginar um lugar de chegada para mais adiante esse lugar servir como local de retorno. Tempo/ espaço ancestral. Ir e voltar na baleia, em ondas. Corpo em acúmulo. [Texto: João Simões]

[Concepção: Camila Fontenele de Miranda / Acompanhamento artístico e curadoria: João Simões / Textos e Direção de fotografia: Camila Fontenele de Miranda / Preparador corporal e Câmera: Lucas Moraes / Dramaturgia sonora: Daia Moura and Janaína Silva / Paisagem sonora: Henrique Ravelli / Color grading: Vine Ferreira / Identidade visual: Ella Vieira / Designer: Leonardo Serafim / Produção executiva: Lucas Moraes / Consultoria de produção: Sttefania Mendes]

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