Camila Fontenele
1990, São Paulo, Brazil
I have a master's degree in Human Condition Studies from the Federal University of São Carlos and I hold a Postgraduate specialization in Cinema, Video, and TV: aesthetics of the moving image at the Belas Artes University Center of São Paulo. Also, I have Bachelor’s degree in Social Communication: Advertising and Marketing at the University of Sorocaba. During the period from 2019 to 2021, I had the opportunity to work as a curatorial assistant at the 3rd Frestas - Triennial of Arts 2020/21 "The River is a Serpent", held at SESC-SP. Additionally, I served as an artist-in-residence at the "Caiba Artistic Residency" [Immaterial Whale Catalog], a project conceived by Anderson do Carmo and Jussara Belchior, in Florianópolis-SC (Brazil, 2022), at the "II Memories Negres-Natives Residency" at Casamata (Brazil, 2020), and at the "Educational and Artistic Self-Residency" at the Iberê Camargo Foundation (Brazil, 2020). My experience also encompasses participation in exhibitions both within and outside Brazil.
I consider myself a culture worker who works in a transdisciplinary manner — between the visual arts, services as a freelance photographer and academic and independent research — with a focus on fat studies, Donna Haraway's speculative fabulation (SF), Octavia Butler's science fiction, the complex interspecies relationships — especially with a keen eye on whales — and oceanic methodologies. Ultimately, my attention is dedicated to critiquing anthropocentrism and, above all, to the possibility of creating more breathable fabulative landscapes, even in a world as complex and seemingly impossible as ours.
Although my background includes work focused on photography, as evident in my portfolio, I am currently engaged in a long-term research project where, through performative drawing and writing, I conceive camouflages for rest, claiming possibilities of relaxation for dissenting and racialized bodies. In addition to this specific investigation, I have been crafting a science fiction narrative. Within it, I explore the notion of a multispecies kinship between whales and fat people, not solely based on "corporeal resemblances", but also rooted in spiritual affinities and metamorphoses. Post-2022, both are regarded as carbon sinks by scientists. Consequently, fat bodies confront the challenge of being essential for human survival amidst the looming climate crisis. The initiatory process of this fiction was developed in the Creative Laboratory of Intramundane Fictions, mediated by the FOZ Group, but it originates from my master's thesis titled "Só a água sustenta o nosso peso" [Only water sustains our ponderosity].
I perceive artistic practice as a crossing where we shape and unmake our path through displacements and encounters. I view this continuous flow as integral to my commitment to a life perspective that is always porous, transitional, and fluid. In this context, my practice is intricately connected to imaginative and care choreographies, to metamorphoses and transformations that occur in the space-between — a place where we can dream fleeting dreams of freedom.
Camila Fontenele
1990, São Paulo, Brasil
Sou mestre em Estudos da Condição Humana pela Universidade Federal de São Carlos e possuo especialização em Cinema, TV e Vídeo: Estética da Imagem em Movimento pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Além disso, possuo bacharelado em Comunicação Social: Propaganda e Marketing pela Universidade de Sorocaba. No período de 2019 a 2021, tive a oportunidade de atuar como assistente de curadoria na 3.ª Frestas - Trienal de Artes 2020/21 "O rio é uma serpente", realizada no SESC-SP. Além disso, fui artista residente na "Residência artística Caiba", projeto idealizado por Anderson do Carmo e Jussara Belchior, em Florianópolis-SC (Brasil, 2022), na "II Residência Memórias Negres-Natives" na Casamata (Brasil, 2020) e na "Residência Educativa e Artística de Si" na Fundação Iberê Camargo (Brasil, 2020). Minha experiência também inclui participação em exposições tanto dentro quanto fora do Brasil.
Considero-me uma trabalhadora da cultura que atua de maneira transdisciplinar — entre as artes visuais, os serviços como fotógrafa freelancer e a pesquisa acadêmica e independente — tendo como área de interesse os estudos do corpo gordo, a fabulação especulativa de Donna Haraway e a ficção científica de Octavia Butler, as complexas relações interespécies — especialmente com um olhar atento às baleias — e as metodologias oceânicas. Dessa forma, a minha atenção está voltada para a crítica ao antropocentrismo e, principalmente, na possibilidade de criar paisagens fabulativas mais respiráveis, mesmo em um mundo tão complexo e aparentemente impossível como o nosso.
Apesar de ter uma trajetória com trabalhos mais focados na prática da fotografia, como é possível observar no meu portfólio, atualmente tenho me dedicado a uma pesquisa de longo prazo onde, através do desenho e da escrita performativa, concebo camuflagens de descansos reivindicando possibilidades de relaxamento para corpos dissidentes e racializados. Além dessa investigação específica, tenho desenvolvido uma narrativa de ficção científica. Nela, exploro a ideia de um parentesco multiespécie entre baleias e pessoas gordas, não apenas pela "semelhança" corporal, mas também por afinidades espirituais e metamorfoses. Ambos são considerados sumidouros de carbono pelos cientistas pós-ano de 2022. Assim, os corpos gordos, enfrentam o desafio de serem vitais para a sobrevivência humana em meio à iminente crise climática. O processo iniciático desta ficção foi desenvolvido no Laboratório Criativo de Ficções Intramundanas, mediado pelo Grupo FOZ, mas é oriunda da minha dissertação de mestrado "Só a água sustenta o nosso corpo".
Vejo a prática artística como uma travessia na qual moldamos e desfazemos nosso caminho por meio dos deslocamentos e encontros. Encaro esse contínuo fluxo como parte do meu compromisso com uma perspectiva de vida que seja sempre porosa, transicional e úmida. Nesse sentido, a minha prática está intrinsecamente conectada às coreografias imaginativas e de cuidado, às metamorfoses e transformações que ocorrem no espaço-entre — lugar onde podemos sonhar sonhos de liberdade, mesmo que efemeramente.